sábado, 19 de março de 2011

Semelhanças ocultas;

Como de costume, saí em uma sexta-feira, pra pensar em mim e em todos os problemas que me cercam, escolhi um bar, que não prometia muita coisa além de um show de banda de rock, banda sem fama, sem nada, nem decência, mas parecia perfeito pra quem também não é muita coisa, assim como eu. Entrei, poucas pessoas, tive a chance de escolher a minha mesa, não sei se muito bem escolhida, do lado de um agrupamento de mesas de uns jovens de no máximo 20 anos. Mas foi um deles que me chamou atenção, ele parecia perdido, talvez nem ele soubesse explicar o que estava fazendo ali naquele bar, tão distante quanto se possa imaginar, ele me chamou mais atenção do que a própria banda. Eu fiquei tentando ler ele, como se fosse possível decodificar algum daqueles pensamentos, talvez eu estivesse certo sobre eles. Cara magro, de cabelos lisos e uma barba de 7 dias, garrafa de cerveja na mão e um cigarro na boca, ele apertava com tanta força aquele cigarro entre os lábios que me passava a impressão, que ele pensava em outros lábios, dos quais sentia saudade. No meu ver esse era o motivo pelo qual ele estava distante, saudade, amor e essas coisas que deixam estampado na nossa cara a angústia, e ele estava angustiado. Eu também me perguntava se existia fé e esperança dentro dele, porque esperança é a virtude de quem espera e aparentemente ele esperava alguma coisa, de música em música ele olhava pra um relógio na parede, os amigos riam, contavam piadas, batiam nas costas dele, ele tão estagnado. Poderia ser só a musica que estava o frustrando, vai saber. Ele bebia mais e mais rápido do que todos os outros da mesa, em meia hora contei 5 garrafas, a banda fez uma pausa, umas garotas foram até a mesa deles, oferecendo seus serviços, que metade deles aceitaram, mas essas metade não incluía o cara angustiado. Então passou mais uma hora e 10 garrafas e vejo chegar na mesa um cara, com uma jaqueta de couro e o suor brilhando na testa, o angustiado se levanta, cumprimenta ele, que entrega uma carta, ele lê a carta e quando chega ao fim, uma lagrima solitária escorre do seu olho, lagrima que brilhava mais que o suor do outro cara e os holofotes usado pela banda, ele abre um falso sorriso e grita, audível para todos os presentes no recinto, “pra que mentir, fingir que perdoou”, em seguida o vocalista para a banda, olha pro cara achando graça, e diz no microfone, “a nossa musica nunca mais tocou”, então o cara levanta meio cambaleando pega a chave do carro e sai esfregando os pneus no asfalto.
Drain You

Nenhum comentário:

Postar um comentário